quarta-feira, 24 de março de 2021

Nada a dizer

 

As palavras ficaram roucas.

 No horizonte, nenhuma poeira da cavalaria.

Um tropel de ansiedade para no peito sem alcançar a garganta.

Se lamúrias e confrontos servissem, ainda assim, só testemunhariam a afonia.

Pasmos ficaram os homens. Parvos eram antes.

O efeito; um desastre. O destino; o caos.

Palavras escritas; letras mortas e se lidas ao pé da letra podem matar o destinatário.

O que acontece se ficarmos mudos?

É preciso cobrar atitudes?

O que se dará se cruzarmos os braços?

Se deitarmos as penas?

Se desconectarmos a rede?

Em sinal de respeito para com as respostas, um minuto de silêncio!

terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Num salto


Dominou a corda. Puxou a esfera e se enroscou nela.
Nunca acreditara e, de repente, sem muitas delongas, sentiu fé plena.
Não pretendia, jamais, pedir perdão, mas como um rastilho de pólvora, caiu de joelhos e fez a tal súplica.
E como já não havia mais nenhum paradigma impedindo a passagem, se jogou de cabeça, em uma dark madrugada,
Criatura noturna que sempre fora, escapou do alvorecer.
Olhos de infravermelho, asas de Bungee Jumping; saltou!
Num quântico percebeu tudo. Soltou a corda. Olhou ao redor da esfera.
Finalizou dizendo em altos brados:- “Já que estou nela, diga ao povo que fico”.
-“E tem mais; vou mudar o mundo”!!

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

Tamparam na briga


Reincidentes sim, mas quem não é?
Promises, promises e estamos prontinhos, de novo, quebrando o juramento.
Toma lá, dá cá.
 Farinha pouca, meu pirão primeiro.
Reincidentes sim, com certeza.
Um troco no olho. Uma palavra, na mesma ferida.  Atitude diária, nossa preferida; chutar cachorro morto.
Uma tapa na cara vexaria menos que “eu não te disse”. E se é para vir o escândalo, “deixa com a gente”!
E tampamos na briga, tipo: todo dia.
É azedume  a dar com pau  e amargor a baldes.
E as pazes? Dessa ninguém sabe.
A jura de “com açúcar e com afeto”; feita para se quebrar.
E vamos nós, e vão eles, trôpegos e coxos. Sem um olho, sem um dente.
E a paz? A esperar.

sexta-feira, 19 de outubro de 2018

Saraivada de balas


Começando pelo fim e o fim não foi a morte.
Tudo deu certo, porque assim é que é.
Sem corpos estendidos no chão. A tribo e os convivas estavam de pé.
Só risos e sorrisos.
As balas eram divididas e a Pinhata balançava desfeita.
O colorido das balas enfeitavam as crianças coloridas. Sentadas em roda, repartindo o pão.
Repartir e correr junto para o desafio era a graça.
Nem vencidos, nem vencedores.
Os felizes reinavam. O lema, na África, permanecia.
Os convivas não entendiam, mas festejavam.
UBUNTU amigos, UBUNTU, assim é que é.

segunda-feira, 15 de outubro de 2018

Você é humano


Você é do tipo que não pode ver uma estrelinha no chão, que estanca o passo e dá um jeito de apanhá-la?
É, uma estrela, tipo confete, lantejoula, recorte de papel, acrílica, sei lá...
Abaixa pega, e se ela gruda no dedo, desgruda-a com cuidado e fica a admirá-la.
Uma alegria danada no peito.
Do tipo que fareja o desenho estelar do chão de uma praça?
Que exulta na descoberta de uma supernova?
Que , quando um personagem do cinema, deita no gramado a olhar o céu apinhado de estrelas cisma: “por que não eu?”
Aquele tipo que se lembrando do Far West, quer prestar honra à estrela do Xerife?
Não quer ser astronauta, mas sabe ter um céu por teto (onde moram as estrelas).
É? É do tipo?
Você é humano.

quarta-feira, 3 de outubro de 2018

Primavera


Floresça se for capaz! Força, coragem: margaridas, acácias.
Amadureça: violetas, begônias, de maio.
Regue-se, indulgencie, esqueça: rosas, lírios, edelweiss.
Tranquilize-se, compreenda, adube, cresça. Eu não duvido um só momento, que seja possível e vou te incentivar até cansar.
E direi o tempo todo, “que vejo flores em você, que vejo flores em você”!


quarta-feira, 19 de setembro de 2018

Elas por elas


Espartilhos. Rouge. Vestido bem cintado. Negociável? Só a opressão.
Batom. Cílios longos. Salto alto. E pernas pra que te quero.
Mundo ganho. Voou, pilotou, velejou, construiu, musicou, governou.
Críticas e vaias, nariz empinado e peito pra frente.
O cabresto se insinuando, e daí? Não é com esta gente.
Ainda que haja choro, ainda que haja ranger de dentes, e daí? Não é com esta gente
E lá vão elas. E lá vão elas.